Ícones: Paulo Mendes da Rocha
Nascido em Vitória, no Espírito Santo, em outubro de 1928, Paulo Archias Mendes da Rocha tornou-se arquiteto e urbanista em São Paulo, cidade que o adotou com muito carinho. Um de nossos talentos modernistas de maior destaque, Rocha pertence à geração liderada por Vilanova Artigas e foi “redescoberto” pela mídia especializada nas últimas décadas. Vencedor do Prêmio Pritzker – o mais importante na arquitetura mundial – em 2006, é autor de projetos polêmicos que não raro dividem a crítica especializada, mas que, igualmente, se tornam objeto de adoração por parte de muitos.
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, em 1954, foi influenciado por Artigas desde seu primeiro grande projeto, o ginásio do Club Athlético Paulistano, onde usou o concreto armado aparente, grandes espaços abertos, estruturas racionais, entre outros elementos que viriam a caracterizar a chamada “Escola Paulista”, dentro do espectro da arquitetura moderna no país.
Começou a lecionou na FAU-USP em 1961, onde se envolveu com debate social comum a todas as faculdades à época, e por este motivo teve seus direitos políticos cassados em 1969, sendo proibido de dar aulas, além de passar a atuar como arquiteto com extrema discrição, o que priva o país de suas ideias durante anos. Retorna à Universidade em 1980, e torna-se professor titular de Projeto arquitetônico na mesma USP em 1998, quando se aposenta compulsoriamente.
Desde então dedica-se a projetar como nunca, recebendo uma série de prêmios internacionais pela sua obra, realizada em várias partes do mundo: além do Pritzker, se destaca também o “Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina” pelo projeto de reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo, um de seus mais belos trabalhos após seu retorno.
Mas há muitos projetos a serem comentados e ressaltados: o Estádio Serra Dourada em Goiânia, de 1973; o Museu Brasileiro da Escultura – MUBE – de 1986, a Casa Gerassi, o Projeto para cobertura sobre a Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca em São Paulo, de 2002, e a Intervenção e reforma da Estação da Luz, com o projeto do Museu da Língua Portuguesa no mesmo local, entre outros . O MUBE e a obra na Praça do Patriarca estão entre os projetos mais discutidos, criticados e aplaudidos ao mesmo tempo, mas sua intervenção na Pinacoteca do Estado e o Museu da Língua Portuguesa foram dos mais bem recebidos.
Uma arquitetura “crua, limpa, clara e socialmente responsável” – de certo modo influenciada pelos ideais estéticos do Brutalismo europeu – sempre foi sua busca. Sua obra deixa transparecer a influência dos ditos “mestres da Arquitetura Moderna” e, com muito sucesso, beleza e funcionalidade andam juntas. De verdade, um ícone brasileiro, candidato a universal.