Os cem anos da Bauhaus
Você sabia que em 2019 a famosa escola alemã de arquitetura e design Bauhaus completa 100 anos de criação? Pois é, a verdadeira referência em termos de novas ideias para o mundo comemora esta data de forma bem marcante, através de uma série de festivais, exposições e até a inauguração de um novo museu como parte das celebrações. As três principais cidades onde a escola funcionou – Weimar, Dessau e Berlim – concentrarão a maior parte das festividades, mas a data é uma boa oportunidade de se conhecer um pouco mais sobre esse verdadeiro “Think Tank” do início do século XX.
A Bauhaus foi uma instituição avant garde. Ativa de 1919 a 1933, proposta e inaugurada pelo arquiteto alemão Walter Gropius, comemora centenário como uma das instituições artísticas mais marcantes da era moderna. A Bauhaus, em seus curtos 14 anos de existência, mudou paradigmas e espalhou seus ideais modernistas de funcionalidade e beleza descomplicada por todo o mundo: influência que reverbera até hoje. Na época, era tida como o lugar onde viviam os “loucos”, que dançavam pelas ruas em coloridos trajes de teatro e pintavam quadros com triângulos, círculos e quadrados, mas a fama traz consigo o pioneirismo de ter revelado novos modos de pensar, de morar, de habitar. Foi a primeira escola de design do mundo. Em alemão, era conhecida como “a casa para construir” ou “a casa da construção”, o que conduz a ideia de que o aprendizado e o objetivo da arte interligavam-se nesse espaço. Um dos movimentos que exerceu forte influência estética por lá foi o movimento “De Stijl“, nascido na Holanda em 1917. Foi daí que surgiu o geometrismo em cores primárias de Mondrian, que foram amplamente apropriados pela indústria cultural.
A ideia inicial de Gropius era a de formar novas gerações de artistas, sem haver distinções de classe e hierarquia. O que era produzido e estudado na instituição influenciou a estética moderna, funcionalista e consequentemente, o que é ensinado hoje em dia nas escolas de design mundo a fora. A escola propunha uma arte diretamente ligada aos interesses da indústria, que levasse em conta o lado prático e econômico. Foi na escola que nasceu o desenho industrial como o conhecemos hoje. A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitetura, artesanato e uma academia de artes, e isso acabou sendo a base de muitos conflitos que se passaram ali. A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial.
A escola teve impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitetura do ocidente europeu, mas também nas Américas e no Oriente próximo nas décadas seguintes, para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazista. A Cidade Branca de Tel Aviv, em Israel, que contém um dos maiores espólios de arquitetura Bauhaus em todo o Mundo, foi classificada como Patrimônio Mundial em 2003. O principal campo de estudos da Bauhaus era a arquitetura (como fica implícito até pelo seu nome), e procurou estabelecer planos para a construção de casas populares baratas por parte da República de Weimar. Mas também havia espaço para outras expressões artísticas: a escola publicava uma revista chamada “Bauhaus” e uma série de livros chamados “Bauhausbücher”. O diretor de publicações e design era Herbert Bayer.
Alguns dos maiores arquitetos, designers e artistas plásticos que emergiram após a segunda grande guerra em todo mundo foram alunos ou professores por lá: Mies Van Der Rohe, Wassily Kandinsky, Josef Albers, Marcel Breuer, Paul Klee, László Moholy-Nagy, Oskar Schlemmer, Gunda Stölzl, Marianne Brandt, Omar Akbar, entre outros. Acusada de “bolchevismo” e “judaísmo” pelo governo conservador de Weimar, a escola mudou-se para Dessau em 1925, onde Gropius projetou sua famosa sede funcionalista. Em vez da “catedral do futuro”, lema inicial da Bauhaus, a escola passou a defender a integração da arte com a técnica. Uma nova mudança ocorre em 1932, para Berlim, devido à perseguição do recém implantado governo nazista. Finalmente em 1933, após mais uma série de problemas com o governo nazista, a Bauhaus é fechada por ordem do governo.
Atualmente a Universidade Bauhaus localizada em Weimar é uma das melhores universidades da Alemanha. A instituição conta com mais de 4.000 estudantes de 70 países. Desde 1996, os prédios da Bauhaus em Weimar e Dessau são Patrimônio Mundial da Humanidade.
Fontes: Metrópoles e Wikipedia