“La Tallera” por Frida Escobedo
Um complexo de galeria, museu e áreas expositivas – incluindo aí espaço para enormes murais – foi criado pela arquiteta Frida Escobedo no entorno do que era a antiga residência estúdio do pintor David Alfaro Siqueiros na pequena cidade de Cuernavaca, no México. Artista plástico e ativista político, Siqueiros era muralista, e já havia criado a galeria de arte com direito à residência de artistas no terreno de sua própria casa na década de 1960. O trabalho da jovem arquiteta foi o de encerrar todo o complexo por trás de uma rede triangular de concreto: uma parede de blocos perfurados, bem ao estilo de nossos cobogós, foi construída no perímetro do complexo chamado de “La Tallera“, formando um cerco entorno dos edifícios que os agrupa, mas permitindo que a luz entre.
Dois grandes murais pintados por Siqueiros foram movidos de suas posições originais e enquadram uma nova entrada em um movimento que Escobeda diz que foi fundamental para abrir o complexo ao público. Segundo a profissional “girar os murais inflama os elementos simbólicos da sintaxe arquitetônica da fachada, alterando a relação típica entre galeria e visitante“. Em suas novas posições, os murais fornecem uma estrutura para o café e para a livraria, mas também ajudam a separar a nova galeria pública de exposição da galeria da antiga, que agora funciona como base para os artistas em residência.
No programa de necessidades do novo espaço cultural consta uma explicação para a ideia original de Siqueiros e seu desenvolvimento na atualidade: ” ‘La Tallera é uma idéia de Diego Rivera e surge na década de 1920 para criar uma oficina muralista real, onde novas técnicas em pintura, materiais, geometria, perspectiva e assim por diante seriam ensinadas‘. É assim que o próprio Siqueiros definiu este local de trabalho, agora um museu, workshop e programa de residência de artistas focado em produção e crítica de arte. Ao abrir o pátio, o museu produz um espaço para atividades compartilhadas, ao mesmo tempo que se apropria da praça.”
Mas é fundamental destacar a percepção do trabalho do “dentro e fora” proporcionado pelas paredes erguidas em concreto perfurado por Frida Escobedo: a qualidade da arquitetura de preservar o espaço aberto protegendo-o de interferências e, ao mesmo compondo um todo. A leveza de trazer um elemento que preserve o clima e a luz do ambiente externo sem deixá-lo totalmente aberto à cidade foi efetivamente o que fez diferença neste projeto.
Fonte: Dezeen