André Cruz: o bom design agora tem branding
A linha “Cilindros”, inspirada pelo “Projeto Seringueira”: inovação no design brasileiro.
Designer brasileiro reconhecido desde os anos 90, André Cruz é hoje o Creative Diretor da ACDI branding.design, onde seu trabalho ampliou-se muito, indo desde os conceitos originais sobre o que será um produto até a materialização do objeto em si. A área de branding, muito badalada hoje em dia, não é novidade para André, que é formado em Comunicação e desenvolveu no design uma carreira de sucesso sem perder de vista a ideia do todo, que hoje usa internamente, em sua empresa, e no trabalho com várias outras. Sua escala de criação é das mais diversas, interessando-se por coisas tão diversas quanto uma chupeta e uma colheitadeira!
Mas seu talento com mobiliário não foi deixado de lado. Por ocasião do último Salão do Móvel de Milão, conhecemos peças de sua autoria entre as que estiveram na “Mostra Brazil SA”. A linha “Cilindros”, composta por três mesas laterais, que faz parte do “Projeto Seringueira, capitaneado pela Madeibor – madeireira especializada no plantio e na extração das seringueiras – foi a escolhida para mostrar o que André e seus colaboradores vêm pensando em termos de design nos dias que correm.
Em conversa muito prolífica com o designer ficamos sabendo o que ele pensa sobre o concreto. Segundo ele “O concreto tem a maleabilidade perfeita para se trabalhar. Tem a possibilidade de moldar o que se desejar. E ter essa maleabilidade e depois torná-la duradoura. Isso é fantástico em um material”. Na descrição da nova linha de mesas, mais detalhes sobre este modo de ver sua criação: “Nosso pensamento começa com o concreto ainda em estado líquido, antes de ser moldado. Nós pesquisamos o material para explorar seu potencial, suas nuances, fluidez e delicadeza, estes combinados com madeira de Seringueira e/ou madeiras nobres brasileiras. Criamos formas esculturais com base na “desconstrução do cilindro”, do processo de extração do látex e da produção de borracha. A fluidez do concreto é a chave neste projeto”.
O “Inspiration Board” (algo como “painel inspirador”) da nova linha não deixa dúvidas: pensando no momento da extração do látex das seringueiras e também nas possibilidades que o concreto proporciona a quem com ele lida, vem a ideia de mesas de apoio que também têm seu “toque de flexibilidade”. Com bases bastante “escultóricas”, criadas bem do jeito que André lida com o design: a ideia do objeto como arte, coisa ímpar e bastante especial. Um objeto único, ainda que seja produzido em série.
As mesas “Houst”, “Clami” e “Cult” possuem tampo em madeira da árvore seringueira e bases diferentes entre si feitas em concreto, com um charme especial, dada a “desconstrução” da forma do cilindro. Sustentáveis, inovadoras e diferenciadas, trazem em sua origem os conceitos que permeiam as ideias centrais da ACDI e, portanto, de André: a de que um produto é mais que apenas um objeto, contendo também marca, valor e até mesmo alguns “toques” de emoções humanas.