A casa container
Dentre os modos de viver que têm emergido no âmbito da arquitetura neste novo século, a tendência da reutilização de containers (grandes caixas metálicas que transportam mercadorias e cargas, em navios que atravessam os sete mares), é uma das mais fortes. O apelo do reuso de materiais que perderam sua função original mas que podem atender muito bem a novas aplicações, é dos mais estimulantes.
A facilidade com que várias empresas e escritórios de arquitetura ou de engenharia civil transformam velhas caixas metálicas em novas moradias é impressionante. A modularidade das peças permite a modificação, o aumento e a redução de uma área construída com rapidez, e a beleza dos projetos também impressiona. Tanto do ponto de vista arquitetural quanto dos visuais nos interiores as soluções são inovadoras e encantam pela engenhosidade e funcionalidade. Trata-se enfim de um novo modelo que aproveita um velho elemento estrutural – que seria descartado na natureza causando muitos males – que exige um bom repertório de criação de layout, escolha de revestimentos, acabamentos e peças.
É claro que não se pode esquecer do apelo econômico para esta escolha: tanto um menor custo está envolvido na empreitada de fazer um container habitável quando menores prazos de espera – o que para muitos é fundamental. Engana-se quem pensa que eles se restringem a moradias populares: no exterior, moradas feitas com containers já chegam a ocupar áreas de até 6 mil metros quadrados e justamente são classificadas como verdadeiras “mansões”. A imagem popular dos “caixotes metálicos”, por serem usados como banheiros em festas e como barracões de obras, não modifica com uma imagem de que eles também são uma alternativa de moradia moderna.
Construções feitas com containers também podem acomodar empreendimentos comerciais: aproveitando a bossa do “industrial descolado”, visual que agrada a bares, restaurantes, lojas e até mesmo alguns hotéis e pousadas. Como o estúdio FGMF Arquitetos, que projetou uma pizzaria feita apenas com containers em Miami e o arquiteto Vitor Penha os utilizou para criar a pista de dança do restaurante “Maní”, em São Paulo.
Existem dois tamanhos mais comuns de container: o de 40 pés tem 29 metros quadrados e dimensões de 12 metros de comprimento x 2,45 metros de largura. O de 20 pés tem quase 15 metros quadrados – dimensões de 6 metros de comprimento x 3,45 metros de largura. A altura varia entre 2,60 a 2,90 metros. Para fazer espaços maiores que essas metragens, os containers são agrupados: eles podem ficar lado a lado, um em cima do outro ou podem ser separados e ter uma área de integração coberta ou descoberta entre os dois. O que vale é ter um bom projeto, com foco nesse tipo de construção, feito por profissionais especializados, sem esquecer as exigências dos clientes. Utilizando apenas dois grandes containers em sua montagem, a “Crossbox House” brinca com a transversalidade dos módulos.
Fontes:
Revista Exame
Site Limaonagua